SESC SÃO PAULO REALIZA A MOSTRA “OJU – RODA SESC DE CINEMAS NEGROS” E DESTACA A PRODUÇÃO DE REALIZADORES NEGRAS E NEGROS NO BRASIL
janeiro 18, 2022
A programação acontece de 19/1 a 9/2, em formato híbrido, com sessões presenciais no Cinesesc, em São Paulo, e filmes disponíveis em streaming, gratuitamente para todo o país, na plataforma Sesc Digital
Além da exibição de longas, médias e curtas-metragens, a mostra realiza debates com profissionais do cinema, cursos e oficinas on-line, com inscrições gratuitas
Dirigido por Joel Zito Araújo, "O Pai da Rita" abre a mostra na quarta-feira, 19/1, às 20h, no CineSesc
De 19 de janeiro a 9 de fevereiro, o Sesc São Paulo realiza a “OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros”, ofertando ao público uma seleção de filmes realizados por cineastas negras e negros. Com sessões presenciais no CineSesc e exibições on-line na plataforma Sesc Digital, a mostra se dedica a promover a diversidade de criadoras e criadores brasileiros e destacar a importância histórica do audiovisual em sua potência poética e política, e sua contribuição para a decolonização do olhar. Mais informações em sescsp.org.br/cinemasnegros.
Do Yorubá, “ojú” significa “olho” e o cinema se inicia pelo olhar, sensibilizado pela luz da projeção. Para o Sesc, a ideia de uma roda de cinema aproxima os sujeitos para juntos compartilharem histórias, se identificarem e, em coletividade, construírem as narrativas. Com esse propósito, a nova mostra busca envolver o público na roda e fazer movimentar pensamentos. Ao ressaltar a produção audiovisual negra, a OJU - Roda Sesc de Cinemas Negros pretende destacar a importância do fazer coletivo, respeitando a singularidade dos diferentes sujeitos, corpos e formas de contar histórias.
A mostra exibe uma programação de curtas, médias e longas-metragens nacionais, no cinema e na internet, além de debates, cursos e oficinas on-line gratuitos, com objetivo de ampliar a difusão e o acesso a diversas criações, formatos e pensamentos sobre as questões raciais.
A comédia “O Pai da Rita”, de Joel Zito, abre a OJU com uma sessão especial no Cinesesc, no dia 19, às 20h. No filme, Ailton Graça e Wilson Rabelo interpretam dois amigos que partilham o amor pela escola de samba Vai-Vai e um amor de juventude.
Entre os destaques da programação estão a potente ficção “Cabeça de Nêgo”, dirigida por Déo Cardoso, e o documentário "Chico Rei Entre Nós",de Joyce Prado.Inspirado no livro dos Panteras Negras, Cardoso estreia na direção de longa-metragem com a história de um aluno que, após sofrer insultos racistas na sala de aula, tenta impor mudanças em seu colégio ao enfrentar a direção e colocar em foco o racismo presente na instituição de ensino. Joyce Prado também faz sua estreia na direção de longas, ao narrar a história e legado do rei congolês escravizado que lutou pela liberdade — a sua e a de seu povo — durante o Ciclo do Ouro em Minas Gerais. Joyce faz de Chico Rei o ponto de partida para explorar os diversos ecos da escravidão brasileira na vida dos negros e negras de hoje, entendendo seu movimento de autoafirmação e liberdade a partir de uma perspectiva coletiva.
Entre os curtas-metragens, destaque para o premiado “Sem Asas”, de Renata Martins, que conta a história de Zu, um garoto negro de 12 anos, que vai à mercearia comprar farinha de trigo para a sua mãe e, na volta para casa, descobre que pode voar. O curta foi vencedor do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro - Melhor Curta-Metragem Ficção, em 2020. Outra obra que recebeu o mesmo prêmio, em 2021, é “República”. Dirigido pela atriz Grace Passô, o curtafoi produzido em sua casa, no centro de São Paulo, durante a primeira fase do isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19 em 2020. O filme também foi premiado como Melhor Curta-Metragem de Ficção no 53º Festival de Cinema de Brasília e recebeu o Prêmio Abraccine 2020.
A mostra exibe também “Dois Garotos Que Se Afastaram Demais do Sol”, baseado na peça “12º Round” do dramaturgo Sérgio Roveri, que traz o embate entre os boxeadores Emile Griffith e Benny Kid Paret. A obra de Lucélia Sergio e Cibele Appes reflete sobre as lutas e os sonhos de homens negros e foi vencedora do prêmio de Melhor Curta-Metragem no Festival Mix Brasil de 2021.
Ao todo, a Roda Sesc de Cinemas Negros contará com 43 sessões presenciais no Cinesesc, em São Paulo, com venda de ingressos pelo site sescsp.org.br/cinesesc e na bilheteria do cinema. A plataforma Sesc Digital recebe 9 títulos da mostra, que poderão ser assistidos gratuitamente pelo público de todo o Brasil, no endereço sescsp.org.br/oju.
Os debates, cursos e oficinas acontecem em formato on-line e serão gratuitos. Os encontros propõem uma troca entre o público e profissionais do cinema, pesquisadores e pensadores, com o objetivo de debater temáticas presentes no cinema que pensa a diversidade. Os debates contemplam diversos temas e contam com a participação de nomes como a da produtora Lilian Solá Santiago, do realizador Joel Zito Araújo, das cineastas Renata Martins e Glenda Nicásio, da atriz Naruna Costa e do ator Christian Malheiros. Entre os cursos e oficinas serão oferecidas atividades que abordam Roteiro Infantil, Montagem e Financiamento. As inscrições pelo site sescsp.org.br/inscricoes.
Dir.: Joel Zito Araújo | Brasil | 2021 | 97 min | 16 anos
Roque e Pudim, compositores da velha guarda da Vai-Vai, partilham uma kitinete, décadas de amizade, o amor por sua escola de samba e uma dúvida do passado: o que aconteceu com a passista Rita, paixão de ambos. O surgimento da Ritinha, filha da passista, ameaça desmoronar essa grande amizade.
20/01, QUINTA – 17H
06/02, DOMINGO – 20H
VOCÊ TEM OLHOS TRISTES
Dir.: Diogo Leite | Brasil | 2020 | 19 min | Livre
Luan trabalha como bikeboy de aplicativo e enfrenta dilemas e preconceitos na sua jornada diária de entregas em uma cidade grande. Sem hesitar, sonha com um futuro melhor.
O OLHAR DE EDITE
Dir.: Daniel Fagundes | Brasil | 2021 | 70 min | Livre
Dona Edite (mineira de Pirapora – MG) é uma mestra da literatura periférica de São Paulo e da cultura popular, por meio de sua interpretação poética diversos personagens oprimidos da história ganham vida, as mulheres roceiras, as rezadeiras, o trabalhador das fábricas, as mães negras das favelas e tantas outras. Dona Edite é deficiente visual, mas vê o mundo pelos olhos da poesia, recitando textos e canções no Sarau da Cooperifa, onde é diva e rainha do lugar.
20/01, QUINTA – 20H
31/1, SEGUNDA – 17H
CABEÇA DE NÊGO
Dir.: Déo Cardoso | Brasil | 2021 | 86 min | 14 anos
Inspirado por um livro dos Panteras Negras, o jovem Saulo Chuvisco tenta impor mudanças em sua escola e acaba entrando em conflito com alguns colegas e professores. Após reagir a um insulto racista, ele é expulso, mas se recusa a deixar as dependências da escola por tempo indeterminado, dando início a uma grande mobilização coletiva.
21/01, SEXTA – 17H
27/01, QUINTA – 20H
PROGRAMA DE CURTAS 3
A MORTE BRANCA DO FEITICEIRO NEGRO
Dir.: Rodrigo Ribeiro-Andrade| Brasil | 2020 |10 min | 16 anos
Memórias do passado escravista brasileiro transbordam em paisagens etéreas e ruídos angustiantes. Através de um poético ensaio visual, uma reflexão sobre silenciamento e invisibilização do povo preto em diáspora.
TUDO QUE É APERTADO RASGA
Dir.: Fabio Rodrigues Filho | Brasil | 2019 | 27min | Livre
Na tentativa de forjar uma ferramenta capaz de operar o corte por justiça, este filme retoma e intervém em imagens de arquivo, reestudando parte da cinematografia nacional à luz da presença e agência do ator e da atriz negra.
DE UM LADO DO ATLÂNTICO
Dir.: Milena Manfredini| Brasil | 2020 | 7 min | Livre
Trata-se da primeira de uma série de filmes nos quais um diálogo é proposto entre a cineasta Milena Manfredini e seus referenciais afetivos e artísticos. São filmes de contato nos quais a realizadora lança ao mar cartas imagéticas numa tentativa de borrar barreiras geográficas, de finitude terrena e de temporalidade. Este lançamento marítimo destina-se ao também cineasta Christopher Harris.
Do Amor à Cura apresenta três mulheres negras que narram como o amor afeta e cura as suas vida.
21/01, SEXTA – 20H
08/01, TERÇA - 17H
ATÉ O FIM
Dir.: Ary Rosa, Glenda Nicácio| Brasil | 2020 | 93 min | 12 anos
Geralda está trabalhando em seu quiosque à beira de uma praia no Recôncavo da Bahia, ela recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qualquer momento. Ela avisa suas irmãs Rose, Bel e Vilmar. O encontro promovido pela espera da morte se torna um momento de desabafo e reconhecimentos das quatro irmãs que não se reúnem desde a morte da mãe, há 15 anos.
22/01, SÁBADO - 17H
08/01, TERÇA - 20H
PROGRAMA DE CURTAS 1
PERIFERICU
Dir.:Nay Mendl, Rosa Caldeira, Stheffany Fernanda e Vita Pereira | Brasil | 2019 | 20 min | 14 anos
Denise e Luz cresceram entre canções de rap, louvores de igreja e passos de vogue. Da ponte para cá, é preciso aprender que o primeiro princípio para poder acessar a cidade é estar viva.
NEGRUM3
Dir.: Diego Paulino | Brasil | 2018 | 22 min | 14 anos
Entre melanina e planetas longínquos, o filme propõe um mergulho na caminhada de jovens negros da cidade de São Paulo. Um ensaio sobre negritude, viadagem e aspirações espaciais dos filhos da diáspora.
DOIS GAROTOS QUE SE AFASTARAM DEMAIS DO SOL
Dir.: Lucelia Sergio e Cibele Appes | Brasil | 2021| 30 min | 12 anos
Emile e Kid são dois garotos afro-caribenhos que vão para os Estados Unidos tentar melhorar suas condições de vida. Lá eles se tornam campeões mundiais de boxe e, de alguma forma, são incorporados à sociedade estadunidense. No frio do norte eles fazem parte do mundo do sucesso e vivem sob códigos que não controlam. Em um ringue aterrorizante, os campeões lutam contra seus próprios fantasmas, criando dispositivos de autodefesa que os aprisionam ainda mais. E numa luta sangrenta, eles vão usar seus punhos para conquistar o sonho de liberdade, mas a vitória de um depende do fracasso do outro.
AMOR DE ORI
Dir.: Bruna Barros| Brasil | 2017 | 7min | Livre
Oxum todos os dias vai ao rio encher sua talha com água. Um dia, Iansã cruza seu caminho.
22/01, SÁBADO - 20H
02/02, QUARTA – 17H
SEM ASAS
Dir.: Renata Martins | Brasil | 2019 | 19 min | Livre
O primeiro desejo na infância de Zu é ser, quando crescer, um super-herói à prova de balas. Uma família: a mãe que trabalha vendendo coxinha, o pai começando em um novo emprego e o filho de 12 anos estudando para uma prova de matemática. Por que pedir para o filho ir comprar um quilo de farinha de trigo na mercearia do seu Zé se torna perigoso?
O CASO DO HOMEM ERRADO
Dir.: Camila de Moraes | Brasil | 2017 | 117min | 10 anos
O documentário conta a história do jovem operário negro Júlio César de Melo Pinto, que foi executado pela Brigada Militar, nos anos 1980, em Porto Alegre. O crime ganhou notoriedade após a imprensa divulgar fotos de Júlio sendo colocado com vida na viatura e chegar, 37 minutos depois, morto a tiros no hospital. O filme traz o depoimento de Ronaldo Bernardi, o fotógrafo que fez as imagens que tornaram o caso conhecido, da viúva do operário, Juçara Pinto, e de nomes respeitados da luta pelos direitos humanos e do movimento negro no Brasil. Além do caso que dá título ao filme, a produção discute ainda as mortes de pessoas negras provocadas pela polícia. A Anistia Internacional, inclusive, fala de genocídio da juventude negra devido ao grande número de jovens negros assassinados pelas forças de segurança no País.
23/01, DOMINGO – 17H
06/02, DOMINGO – 17H
PROGRAMA DE CURTAS - INFÂNCIAS
5 FITAS
Dir.: Heraldo de Deus e Vilma Martins | Brasil | 2020 | 15 min | Livre
Em Salvador, todo ano acontece a tradicional festa para Senhor do Bonfim, onde fiéis, turistas e foliões, peregrinam até a famosa igreja para amarrar fitas e fazer pedidos. Os irmãos Pedro e Gabriel, ouvem desde cedo as histórias da avó e decidem se aventurar sozinhos para fazer um pedido especial. Lá eles irão aprender sobre religiosidade, sincretismo e importância da família.
ÒRUN ÀIYÉ: A CRIAÇÃO DO MUNDO
Dir.: Jamile Coelho e Cintia Maria | Brasil | 2015 | 12 min | Livre
O filme mostra a trajetória de Oxalá em sua missão para criar o Mundo.
A PISCINA DE CAÍQUE
Dir.: Raphael Gustavo da Silva | Brasil | 2017 | 15min | Livre
Sonhando em ter uma piscina, Caíque e seu amigo inseparável se divertem escorregando no chão molhado e ensaboado da área de serviço. Por causa do desperdício de água, Caíque acaba criando problemas com sua mãe.
CAIXA D'ÁGUA
Dir.: Gilberto Caetano e Thais Scabio| Brasil | 2013 | 15 min | Livre
Na brincadeira das crianças, a caixa d’água vira piscina e até oceano. Mas quando Waltinho mergulha, a situação foge de controle e fica totalmente surreal.
23/01, DOMINGO – 20H
03/02 - QUINTA – 17H
TEMPORADA
Dir.: André Novais Oliveira | Brasil | 2019 | 113 min | Livre
Juliana está se mudando de Itaúna, no interior do estado, para a periferia de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, para trabalhar no combate às endemias na região. Em seu novo trabalho ela conhece pessoas e vive situações pouco usuais que começam a mudar sua vida. Ao mesmo tempo, ela enfrenta as dificuldades no relacionamento com seu marido, que também está prestes a se mudar para a cidade grande.
24/01, SEGUNDA – 17H
28/01, SEXTA – 20H
PROGRAMA DE CURTAS 2
BONDE
Dir.: Asaph Luccas | Brasil | 2019 | 18 min | 18 anos
Três jovens negros da favela de Heliópolis saem em busca de refúgio na vida noturna LGBT+ do centro da cidade.
A FELICIDADE DELAS
Dir.: Carol Rodrigues| Brasil | 2019 | 14 min | 14 anos
Ivy e Tamirys fogem juntas da polícia depois da Marcha Mundial das Mulheres do 8 de março. Durante a fuga, vão parar em um prédio abandonado, onde amadurecem o desejo que sentem uma pela outra desde o primeiro momento em que se viram na manifestação. A polícia chega e elas se escondem. O espaço daquele aquário de concreto é muito apertado e seus corpos ficam muito próximos. A tensão da violência que se aproxima, anunciada pelo barulho que aumenta cada vez mais no cômodo ao lado, prenuncia a explosão.
O TRAUMA É BRASILEIRO
Dir.: Castiel Vitorino Brasileiro e Roger Ghil | Brasil | 2019 | 14min | Livre
Este documentário é um registro das experiências estéticas de cura profana, desenvolvidas e propostas na primeira exposição individual da artista Castiel Vitorino Brasileiro. "O Trauma é Brasileiro" aconteceu na Galeria Homero Massena e foi realizada com recursos do Funcultura/Secult-ES (2018).
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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