*Por: Dr. Herberto Reuben C. Lima

Nova tecnologia para diagnóstico precoce de glaucoma

Exame de PERG pode detectar glaucoma mais cêdo e evitar danos maiores à visão

Uma das principais causas de visão subnormal ou cegueira irreversíveis é o glaucoma avançado que não foi diagnosticado e controlado quando ainda estava em suas fases mais incipientes. O glaucoma é a doença que afeta e vai eliminando as cerca de 1,2 milhões de fibras nervosas presentes no nervo óptico, que funciona como um “cabo” que leva as imagens captadas no globo ocular para a parte do cérebro, onde realmente enxergamos. Se você se surpreendeu com esta informação é só lembrar que visualizamos as imagens dos sonhos com essa mesma parte do cérebro.

Existem basicamente duas origens para os diversos tipos de glaucoma. A mais comum são os glaucomas primários hereditários, isto é, você já nasce programado para ter glaucoma, ele é inevitável e se tornará aparente para o exame de campo visual automatizado geralmente após os quarenta anos de idade. A questão é que os primeiros sinais de glaucoma no exame de campo visual, cuja tecnologia tem cerca de 50 anos de evolução, só aparecem quando o nervo óptico já perdeu para sempre cerca de 35% ou 420 mil fibras nervosas. Não é pouco!

Seguindo à máxima de que prevenir é melhor do que remediar, novas tecnologias e métodos surgiram para se diagnosticar e controlar de forma mais precoce o glaucoma. Uma dessas modernas tecnologias que deixaram as salas de laboratório e hoje está disponível em clínicas oftalmológicas é a Eletrorretinografia Padrão (PERG). Pessoas de qualquer idade, inclusive crianças ou com deficiências não aptas ao exame de campo visual, podem ser submetidas ao exame de PERG.

Segundo alguns estudos, o exame de PERG, associado com a história clínica do paciente e demais avaliações do oftalmologista, pode elucidar o diagnóstico de glaucoma incipiente, antecipando em alguns anos sua descoberta que só surgirá no exame de campo visual quando o nervo perder esses 35% das fibras nervosas. Dessa forma, com o diagnóstico precoce e com o controle oftalmológico adequado, pode se preservar milhares de fibras que compõem o campo da visão.

Outra vantagem da tecnologia do PERG, dependendo do equipamento utilizado, é o conforto e a objetividade do exame, comparado ao subjetivo exame de campo visual, que exige uma maior atenção e colaboração do paciente. O exame capta a função das células ganglionares da retina por meio de sensores colocados na face do paciente, resultante da exposição de imagens parecidas com um tabuleiro de xadrez, e pode ser realizado em 15-20 minutos.

O exame de PERG faz parte do rol da Agência Nacional de Saúde (ANS) com o nome de “Eletro-retinografia 40103250”, portanto, é coberto por seu plano de saúde com a devida solicitação do oftalmologista. As principais indicações seriam para pessoas que apresentam fatores de risco para desenvolvimento de glaucoma: antecedente familiar da doença, altos graus de hipermetropia ou miopia, idade acima de 35 anos; e, sinais oculares: escavação aumentada do nervo óptico ou alteração na tomografia de coerência do nervo óptico, dentre outros, com campo visual normal ou inconclusivo.

É importante ressaltar que o exame de PERG não menospreza a importância do exame de campo visual ou de outras análises para o manejo de suspeitos ou portadores de glaucoma, mas é uma tecnologia complementar para o diagnóstico mais precoce de danos ao nervo óptico.

*Dr. Herberto Reuben C. Lima , MsC, MD, MBA – Diretor Técnico da Checkup dos Olhos - CRM 76.599 – SP, RQE 39886.

Referência:

Hassankarimi, H., Noori, SMR, Jafarzadehpour, E. et al. Analysis of standard electroretinogram signals of early primary open-angle glaucoma in the domain of discrete wavelet transform coefficients. Int Ophthalmol. 2019 Oct;39(10):2373-2383.