SOUL BASICO - SPFWN54O SENTIR OCEÂNICO

novembro 18, 2022


Sentir-se oceânico pode ser a maior das revoluções. Em 1927, numa carta a Freud, Romain Rolland cunhou pela primeira vez o termo Sentimento Oceânico.

 
 

Trata-se, em resumo, do sentir-se eterno, sem limites perceptíveis, como que infinito. Em seu terceiro ato, primeiro presencial da marca, a Soul Basico apropria-se dessa ideia para dar continuidade ao Solipsismo, conceito abraçado pela coleção anterior. Se antes os símbolos da tecnologia, do plástico e da fé eram apenas projeções de uma mente pensante, agora o Sentimento Oceânico deságua, literalmente, em uma nova resposta para as inquietações: a integração universal. Há, portanto, nenhuma separação entre o eu e o outro, entre o espírito e o carne. Existe apenas o todo, do qual nada pode ser separado. Rolland acreditava que esta sensação era o fundamento de toda e qualquer necessidade mística, fosse ela a meditação, o transe, a oração, ou mesmo a utilização de substâncias alucinógenas. Tratava-se do sentir-se uno, divino, pertencente e capaz de tudo. Freud, no entanto, aprofundava-se no argumento de que o Sentimento Oceânico era ainda mais primitivo. Para ele, a integração universal (e, consequentemente, a ideia de pertencimento) acompanha-nos do momento em que somos concebidos até a o início da formação de nossas consciências e personalidades. É, portanto, algo instintivo e perecível, que abandonamos para nos adequar às necessidades sociais. Entre esses dois mergulhos na mente humana, a Soul propõe, através da sua nova coleção, que reconheçamos a nossa essência una. Em tempos de guerra e caos, é urgente que nos reconheçamos no outro para engrandecer nossos horizontes, nosso tempo na Terra e nossas possibilidades. A unidade é a nossa maior potência.


Os abraços da coleção! Dan Tavares, o menino do Rio, empresta seu olhar interessantíssimo de ano na arquitetura para abraçar a Soul e o vestir autoral elegante. Após bons anos na arquitetura, tendo passado por grandes escritórios, há dois anos ele começou seus experimentos criativos na moda. “Eu já estava trabalhando há algum tempo com cenografia quando, em 2018 ou 2019, tive a oportunidade de começar a fazer aulas de costura em um ateliê de Ipanema, no Rio. Isso porque eu comecei a querer entender os processos… e nada mais justo do que estar neste estágio, entendendo como é a construção das coisas”, conta. Dan lembra que, em um primeiro momento, tinha em mente o objetivo de produzir moda feminina, que ele diz ter sido o seu referencial até então. “Mas eu comecei a experimentar as coisas pra mim, coisas que eu gostaria muito de usar e ter e que por algum motivo não rola… por não serem acessíveis ou comerciais.” O ano que se sucedeu foi assim: produção e experimentos de peças para ele próprio. Seu próximo passo foi debruçar-se sobre os estudos de modelagem, que é algo que chama o olhar na autoralidade visual que o designer já consegue imprimir em suas criações. Foi aqui que Dan conseguiu aproximar mais a sua moda da arquitetura, que lhe serviu de berço intelectual, e entender melhor essa bagagem arquitetônica, agora, aplicada ao novo métier. “Isso me ajudou bastante. Desde a metodologia de projeto até a construção e a imaginação de um produto que vem de um desenho, de um elemento ainda planificado, e entender os processos até ele se tornar algo tridimensional”. Entre uma colocada de mexa de cabelo no lugar e outra, o designer conta ainda que tudo o que ele se propõe a fazer, hoje, acaba sendo puxado muito das suas experiências na arquitetura e das referências estéticas que foi adquirindo ao trabalhar nessa área. Quando fala-se em silhueta e modelagem, fala-se da atual espinha-dorsal do trabalho experimental de Dan Tavares. Há sempre algo de deslocado, algo de oversized, algo de amarração fora do esperado. “Eu acredito e direciono muito do meu trabalho para as modelagens amplas. Gosto de pensar que as pessoas têm que se sentir confortáveis para se movimentar na roupa, pra você respirar aquilo. E as modelagens mais estruturadas são mais uma questão vinda da Arquitetura. Isso de você ter uma clareza nas linhas retas, ao mesmo tempo em que, por serem estruturadas, se tornam mais imponentes em algum sentido. E aí, as criações ficam nesse lugar entre o bruto versus o delicado”. Outros detalhes que orientam a criação do designer são a preocupação em não ter nenhum acabamento que acabe por apertar o corpo, zíper ou botões. E ele explica o porquê: “quando você faz uma amarração, você dá a oportunidade à pessoa de vestir aquilo de muitas outras formas diferentes. A minha bermuda de amarração, por exemplo, eu uso de um jeito e, quando vendo pra outras pessoas, vou ver e elas estão usando de outra maneira. Além disso, essa decisão também permite que minhas peças tenham a modelagem mais democrática, atendendo diferentes tipos de corpo.”


Mais abraço! Renan, 32 anos. Artista plástico y Estilista ou, Médico Legista de papéis. Cursou desenho de Moda na Santa Marcelina y IED. Lá, entre as janelas da grade curricular, acabava “desenhando” no papel através do vazado criado por lâminas de estiletes. Batizou esse movimento de: “Estiletagem”. Era um modo de lidar com os espaços, com as lacunas de tempo. Assim, criava outras. Espaciais, dando vida a novas formas, desenhos. Numa espécie de Falso Purismo (como um amigo apontou) se expressa com seus papéis de alta gramatura, quase sempre, brancos y rígidos. O que dá caráter escultural. Há algo nisso que o fascina y, mais ainda, por flertar com arquitetura. Ivã Guimarães, seu amigo y conterrâneo, foi quem sugeriu incorporar a Estiletagem numa Mostra de Arquitetura. participou de edições de CasaCor y exposições em São Paulo y Mato Grosso. Havia um desejo de realizar colaboração com quem trabalhasse viés poético, leveza y apreço ao belo. Resultou na conexão com a Soul Básico y com Zeh (Diretor Criativo e Designer da marca). Num convite direto: “Topa? Bora!” Foi firmada essa junção. De confiança y embarque no vidrar mútuo de admiração y entrega. O mergulho na temática da coleção, é não apenas necessário, mas também pontual/crucial para reflexão do nós enquanto sociedade. Por isso, estende o convite ao mergulho do “Sentir Oceânico” em peças de papel criadas com exclusivo para a passarela que conversam com proporções estruturadas que Zeh apresenta nas coleções da Soul. As artes se fundem.


Dos abraços também nesta temporada, uma das principais tecelagens do mercado, a Capricórnio Têxtil segue como apoiadora da marca com suas linhas ecológicas, dentre elas o Hemp, lançamento da empresa na sua linha ecológica com fibra de cânhamo que também aparece em outras peças 100% cânhamo. A Puma, uma das maiores marcas de footwear do mundo é um abraço recente e vai rasgar a passarela com suas criações em aproximadamente 25 looks. O tema upcycling segue presente no DNA da marca e apresenta o jeans real cycling, a partir de resíduos têxteis da indústria e de produtos de segunda mão. Práticas sustentáveis que somam aos pilares de compensação ambiental e selo B, caminhos trilhados com firmeza por Zeh na Soul Basico.


A coleção que Zeh propõe é uma moderna e jovem alfaiataria, sem rótulos, que leva o streetwear para a o novo vestir. Desconstruindo a masculinidade com peças autorais. Quem assina o styling é Bruno Uchoa com um olhar sofisticado, limpo e poético já presentes no seu trabalho na Bazaar, uma das maiores publicações de moda mundial.


A beleza do desfile quem assina é Helder Rodrigues que abraça o tema da coleção com looks molhados, e um frescor que o clima tropical pede.


Links de marca: @soulbasico https://www.instagram.com/soulbasico/ https://www.instagram.com/zehhenrique/

Patrocínio Capricórnio Têxtil/ Puma/ Zuca


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