Dor crônica que surge como desdobramento do herpes-zóster tem tratamento desafiador

setembro 19, 2023

Amelie Falconi


Segundo a médica intervencionista em dor, dra. Amelie Falconi, o controle da neuralgia pós-herpética muitas vezes não é satisfatório. Nesse sentido, ganha importância o controle adequado dos sintomas no início do quadro

Um estudo realizado pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG) constatou que os casos de herpes-zóster no país cresceram 35% durante a pandemia de covid-19. Tendo em vista os desafios inerentes à doença, principalmente relacionados a neuralgia pós-herpética (NPH) – dor extremamente desagradável que surge nas regiões do corpo acometidas pelo herpes-zóster – houve, nos últimos anos, uma intensificação das campanhas de vacinação, conscientização e prevenção da doença.

Médica intervencionista em dor e autora do livro “Existe vida além da dor”, dra. Amelie Falconi explica que a NPH é a complicação de longo prazo mais comum da reativação do vírus varicela-zoster, que culmina no surgimento do herpes-zóster, doença caracterizada por  bolhas na pele, eritemas e inflamação local. Conforme dra. Amelie, a NPH se manifesta como dor crônica que persiste por mais de três meses após os primeiros sintomas do herpes-zóster. “Além da dor, que pode variar de intensidade e duração, a NPH apresenta outros sintomas, tais como: sensibilidade ao toque, formigamento, coceira e queimação na área afetada”, comenta.

Embora seja fácil diagnosticar a NPH devido à sua apresentação clínica e associação com o episódio de herpes-zóster, dra. Amelie pondera que o tratamento da condição é, geralmente, desafiador. “Isto porque, muitas vezes, o controle da dor não é satisfatório”, diz. Inclusive, ressalta a médica intervencionista em dor, estudos já demonstraram que menos da metade dos pacientes com NPH alcançam redução significativa dos sintomas.

Nesse sentido, destaca dra. Amelie, ganha elevada importância o controle adequado dos sintomas de NPH no início do quadro, visando, sobretudo, prevenir o agravamento da condição e seu desdobramento em dor crônica. Segundo ela, para evitar a cronificação da NPH, é fundamental o tratamento antiviral precoce, com a medicação correta e em doses adequadas. 'O ideal é iniciar o tratamento em até 24h ou 48h após o aparecimento das lesões”, diz.

O tratamento específico da dor desde o início das lesões também pode ser, conforme dra. Amelie, uma ótima ferramenta para evitar que a dor se torne crônica. “Além disso, principalmente naqueles pacientes com maior risco de evoluirem com dor crônica, é importante considerar a possibilidade de procedimentos intervencionistas minimamente invasivos também no início da dor aguda”, sugere.

 

Amelie Falconi, médica intervencionista em dor

e autora do livro “Existe vida além da dor”

No que se refere ao tratamento específico da dor, dra. Amelie ressalta que o consenso dos especialistas sugere que regimes de medicação multimodais e procedimentos intervencionistas sejam provavelmente a melhor abordagem. A médica intervencionista em dor explica que os tratamentos não invasivos tradicionais incluem medicamentos orais e tópicos, sendo que algumas sociedades recomendam antidepressivos,  gabapentinoide (anticonvulsivantes) e o adesivo de lidocaína (anestésico) a 5% como primeira linha de tratamento. “O uso de opióides para combater a NPH também pode ser necessário pela intensidade da dor ”, diz.

Além de reconhecer e tratar o herpes-zóster de maneira precoce e assim mitigar as chances de desenvolvimento de NPH e manejar os sintomas de NPH através de medicamentos e procedimentos intervencionistas, uma excelente abordagem em relação à doença e seus desdobramentos é a prevenção. “Esta se concentra na identificação de populações em risco de contrair o herpes-zòster e na administração de uma vacina”, explica dra. Amelie.

Conforme a médica, os fatores de risco bem estabelecidos para um episódio de herpes-zóster que progride para NPH incluem: idade, imunossupressão grave; presença de uma fase prodômica (que precede o aparecimento de sintomas); dor intensa durante surto de zóster; alodinia (dor que não ocorreria em situações normais); envolvimento oftálmico e diabetes mellitus.

A respeito da vacinação, dra. Amelie destaca que o procedimento está disponível na rede particular, sendo administrada em duas doses. “Apesar de ser uma vacina particular, ela deve ser estimulada para os pacientes com mais de 50 anos ou pacientes com menos que já tiveram zóster”, alerta.

Além da vacinação, a especialista orienta que para evitar o desenvolvimento de herpes-zóster e consequentemente da NPH, a pessoa deve manter um sistema imunológico saudável. “Ajuda nesse sentido manter um estilo de vida saudável, caracterizado por uma dieta equilibrada, exercícios regulares e controle do estresse”, diz. Também é de grande valia para a prevenção da doença, especialmente se estiver com o sistema imunológico comprometido, evitar contato próximo com pessoas que têm catapora.

 

Sobre a Dra. Amelie Falconi

  • Especialização em Medicina da Dor pela Santa Casa da Misericórdia de São Paulo
  • Título de Especialista em Dor pela AMB (Associação Médico Brasileira)
  • Fellow Of International Pain Practice (FIPP) pelo World Institute of Pain (WIP)
  • Fellowship de Intervenção em Dor - Clínica Aliviar / sinpain Rio de Janeiro
  • Pós-graduação em Medicina Intervencionista da Dor Guiada Por Ultrassonografia - sinpain
  • Pós-graduação em Anestesia Regional - Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio Libanês
  • Especialização em Anestesiologia MEC / SBA
  • Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF
  • Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista do Hospital Albert Einstein
  • Ministra aulas na pós-graduação de medicina intervencionista da Sinpain


Dra. Amelie FAlconi - médica intervencionista em dor Dra. Amelie FAlconi - médica intervencionista em dor Dra. Amelie FAlconi - médica intervencionista em dor









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