"Open Banking vem confrontar vários modelos de negócio e muitos vão deixar de existir", diz chefe de regulação do BC ao canal "Dinheiro Com Você"

fevereiro 06, 2021

William Ribeiro recebeu João André Marques Pereira para uma entrevista ao vivo em seu canal no YouTube, quando também explicou que a informação continua sendo de propriedade do cliente e o compartilhamento de dados deverá ser consentido em cada instituição específica

Na última segunda-feira, dia 1º de fevereiro, teve início a primeira fase de implantação do modelo open banking no Brasil. Para explicar o que muda na vida das pessoas e tirar dúvidas, o educador financeiro William Ribeiro recebeu para uma entrevista ao vivo em seu canal “Dinheiro Com Você”, no YouTube, o Sr. João André Marques Pereira, chefe do departamento de regulação do sistema financeiro do Banco Central.

Durante o bate papo, foram destacados todos os benefícios para os cidadãos e para as instituições. Contudo, também foram feitos alguns alertas como o reflexo nos negócios que se beneficiam de informações personalizadas, como administradoras de cartões private label e varejistas com financeiras próprias.

Ribeiro fez exatamente essa provocação, lembrando que instituições como essas são especialistas no segmento em que atuam, juntando informações de um público consumidor que os bancos não têm acesso e, por isso, não se interessam em atingir, como forma de evitar o risco.

Com o open banking, o acesso ao histórico desse consumidor poderá ser distribuído entre outros entes do sistema financeiro, bastando o aceite do usuário. Desta forma, algumas empresas poderão perder a vantagem competitiva de se conhecer profundamente o comportamento financeiro do consumidor.

“O open banking vem confrontar vários modelos de negócio. Muitos vão deixar de existir e muita coisa nova vai surgir. O potencial é imenso”, concordou o chefe de regulação do Banco Central. Pereira ainda acrescentou que “tem muita coisa bacana que já está sendo construída utilizando inteligência artificial, por exemplo. Uma vez que gente tenha esse fundamento colocado, os aplicativos começarão a ser criados e novos modelos de negócios também nascerão com base nessas informações”.

Fundamento com princípios que mudam todo o sistema financeiro

Pereira também explicou que define o open banking como um fundamento, pois ele envolve diversos princípios. “O open banking muda toda a forma do sistema financeiro se relacionar com as pessoas e, também, a forma como essas instituições se relacionam entre elas. Por trás dele há toda uma estrutura, uma tecnologia”.

E detalhou para Ribeiro e ao público do canal quais são esses três princípios:

 

A informação é do cliente
“Tudo que é novo gera dúvidas”, lembrou Ribeiro. E um dos pontos mais importantes e que mais geram questionamentos é sobre o sigilo das informações.

O chefe de regulação compara o cenário atual com o open banking. “Hoje, se você tem um relacionamento com um banco e tem informações, transações, um histórico e quiser iniciar uma nova relação com uma nova instituição financeira, muitas vezes, você precisa começar do zero. O open banking possibilita você pegar essa informação que já está lá e levar para outra instituição. A coisa não começa do zero, o que possibilita oferecer serviços melhores e mais apropriados”.

De qualquer forma, nenhum dado poderá ser enviado de uma instituição para outra específica sem o consentimento do cliente.

 

- Diferenças entre o open banking e o Cadastro Positivo

O chefe do Banco Central começa explicando que, apesar de diferentes, os dois sistemas são complementares. “O Cadastro Positivo foi um passo muito relevante, pois melhora a competitividade e reduz o custo dos produtos. São algumas empresas que têm acesso a muita informação e vão construir um score, uma medida da capacidade de pagamento de cada um”.

“O open banking é diferente, porque você vai passar a sua informação para uma instituição específica, uma informação mais completa, um histórico muito mais rico. Então, quando você passa essa informação de uma instituição tradicional do seu relacionamento para outra nova, esta vai compor o score que está no cadastro positivo com o que recebeu de outra instituição e, então, consegue criar produtos customizados”, completa.

De qualquer forma, é importante lembrar também que existem semelhanças, e ele acrescenta que “os dois modelos têm o objetivo de melhorar vida da pessoas, de dar a informação para que a instituição comece o relacionamento já sabendo sobre o comportamento financeiro”. Ou seja, o cadastro positivo não está sendo substituído.

 

Viabilizado pela tecnologia
“O que se está criando é uma grande rede de comunicação dentro do sistema financeiro. São “tubulações” padronizadas em que todas as instituições se conversam. Sempre que o cliente quer enviar informação de uma instituição para outra, basta um cliquezinho e isso tudo segue por esses canais”, explicou Pereira.

 

Segurança
“Tudo está sendo construído sob o guarda-chuva do Banco Central. Nossa principal missão é preservar o poder de compra e o sistema financeiro com total segurança. Tudo de forma organizada, com padrões bem definidos, para ser realizado de forma segura”, contou.

E ele também aproveitou para destacar ao Educador Financeiro e apresentador do canal que será possível “construir o meu banco do meu jeito”. E acrescenta. “Tenho a conta no banco A, um outro produto no banco B, o cartão de crédito no banco C. Vou criar o ‘banco William’”.

 

Fim do oligopólio das informações

Ribeiro comenta com seu convidado que “grandes bancos têm o oligopólio das informações”, e exemplifica com sua própria experiência. “Eu tenho uma conta em um ‘bancão’ há 20 anos. Imagine o histórico que esse banco tem. Inclusive é onde eu tenho o maior limite de crédito, eles me conhecem mais do que a minha própria família. Se eu sinalizar o meu consentimento via open banking para outra instituição, eu poderia usufruir dessa mesma condição em uma fintech, por exemplo, que, hoje, não me oferece porque não me conhece”.

O chefe de regulação do Banco Central concordou e acrescentou como esse novo cenário é positivo para a concorrência no setor. “Quanto mais competidores, mais modelos de negócios, surgem coisas muito diferentes do que estamos acostumados e com preços melhores. Isso força o outro lado a pensar em produtos melhores também. Um círculo virtuoso, uma cadeia de competitividade”.

 

Papel importante na educação financeira da população

Ribeiro destacou como os novos aplicativos que nascerão para unificar os serviços financeiros poderão ter um papel importante na educação financeira da população, por exemplo, chegando ao ponto de dar dicas para um melhor uso do dinheiro. Sendo que este é um dos propósitos do open banking, como Pereira explicou a ele.

“Educação financeira, inclusão, competição, tudo isso está dentro do open banking. Existem aplicativos que já estão fazendo isso, juntando o seu comportamento normal do dia-a-dia com o seu comportamento financeiro, tentando antecipar comportamentos, tentando antecipar problemas e trazendo benefícios ao usuário”.

E continua ilustrando alguns cenários que serão possíveis com o open banking: “Se você está indo à feira pode receber uma mensagem em uma linguagem muito simples alertando que, se você deixar para comprar em outro lugar, amanhã, pode economizar R$ 15 que pode juntar para a viagem que está nos seus planos. A internet das coisas pode chegar ao ponto de alertar que, ao diminuir dois graus do ar-condicionado, a economia ao final do mês poderá ser de R$ 50, por exemplo”.

 

Entrevista completa já está disponível no canal “Dinheiro Com você”

A conversa continuou abordando outros pontos do open banking como a segunda fase da implantação, que envolve a padronização das informações e que deve começar em julho, até chegar no chamado “Open Finance”, em que dados relativos às aplicações financeiras poderão ser compartilhados entre corretoras, por exemplo.

E ainda respondeu dúvidas ao vivo dos internautas que representam o que todo mundo ainda está querendo saber.

Para assistir à entrevista completa, acesse o link: http://www.youtube.com/watch?v=isTUDF9fzMI&t=72s

 

Sobre William Ribeiro

William idealizou e se dedica ao Dinheiro Com Você, projeto que detém um dos maiores canais de Educação Financeira no Youtube em nosso país.

É Engenheiro da Computação pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), possui MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas.

A experiência de 20 anos na condução dos negócios de suas empresas, proporcionou-lhe a Independência Financeira. Com este processo, veio também a percepção da enorme carência da maioria dos brasileiros sobre Finanças Pessoais, não só nos investimentos, mas sobre como ganhar e economizar dinheiro também.

Percebeu então que poderia levar estes conhecimentos adiante, ajudando mais pessoas a terem uma vida mais próspera. Atuar como um Educador Financeiro acabou se tornando o maior propósito da sua vida.

www.youtube.com/dinheirocomvoce

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