“Edna”, longa documental de Eryk Rocha, é premiado no FICG - Festival Internacional de Cine en Guadalajara in Mexico

outubro 12, 2021

Filme sobre guerrilheira da Guerra dos Perdidos recebe estatueta de melhor fotografia em um dos mais renomados eventos da categoria na América Latina

 

 

Crítica “El Camino Hacia El Olvido”, no Informador.MX

 

Trailer: https://youtu.be/PWjsgUjclDs

“Edna”, de Eryk Rocha (“Campo de Jogo”, “Transeunte”), recebeu mais um prêmio: Melhor Fotografia no FICG - Festival Internacional de Cine en Guadalajara in Mexico. A estatueta é a quinta que o filme recebeu este ano, depois de estrear nos quatro cantos do mundo, com salas lotadas e reconhecimentos diversos. A produção já soma participação e boas críticas em mais de 10 festivais em diversos países.

 

No ano em que completa 20 anos de audiovisual, Eryk só tem a celebrar com seu filme: “Muito feliz com o prêmio de melhor fotografia por “EDNA” no Festival de Guadalajara no México, um dos espaços mais expressivos do Cinema Latino-Americano. Quero destacar o belo trabalho de Jorge Chechile e AlIce Andrade Drummond na criação da imagem do filme. No cinema não existe fotografia sem direção, sem montagem, sem som. Não existe fotografia sem corpo. Divido esse prêmio com as criadoras e criadores deste filme, em especial com o corpo, coração e inspiração dessa obra: Edna Rodrigues de Souza.”

 

No site Informador.MX do México, o jornalista Carlos Andrés Torres Cabrera define em  crítica: "O vento que balança as roupas, a voz em off que sussurra uma canção de ninar e o preto e branco da imagem, evocam uma sensação de nostalgia. Porém, não é uma saudade do passado que a protagonista sente, mas sim a necessidade de escapar de suas memórias violentas. A tranquilidade da imagem e a crueza do testemunho, provocam um contraste que nos permite ter uma dolorosa recordação."

 

O respeitado site de críticas de cultura e política MediaPart (França) apontou sobre EDNA: “Retrato de uma lutadora da Amazônia que ainda carrega em seu corpo a violência dos algozes impunes da ditadura brasileira a partir da leitura de seu diário em uma magnífica fotografia em preto e branco”. CÉDRIC LÉPINE também comentou: "Eryk Rocha com beleza e senso da sutileza da descrição política oferece um retrato de uma força estimulante de Edna Rodrigues de Souza e, por meio dela, de todas as mulheres que sofrem a opressão de uma sociedade patriarcal encarnada no agora no Brasil pelo fundamentalismo religioso e a opressão dos lobbies agroalimentares com o objetivo de destruir o meio ambiente amazônico e seus habitantes. "

 

Nos últimos meses, o longa foi nomeado em três festivais: Melhor Longa Metragem-Documentário pelo Júri Jovem no 30º Festival Biarritz Amérique Latine (França), Prêmio Menção Honrosa do Júri - na 10ª Mostra Ecofalante (Brasil), e Prêmio de Melhor Direção - FICVIÑA - Festival Internacional de Cine de Viña del Mar (Chile). Além destes, também ganhou o Prêmio Menção Honrosa Especial no Pesaro Film Festival 2021 (Itália). O filme teve estreia nacional este ano no Festival É Tudo Verdade e mundial no Visions du Réel (Suíça).

 

Outro marco importante do filme foi a participação no renomado Telluride Film Festival, no Colorado - EUA, que habilita automaticamente o filme a se inscrever nas principais premiações estadunidenses, como o Cinema Eye Honors, Critics Choice Documentary Awards, IDA Docs e Film Independent Spirit Award. É a segunda vez que Eryk Rocha participa do festival em seus 20 anos de carreira.  

 

"A estreia norte-americana de EDNA no Festival de Telluride foi muito bonita e emocionante. Havia participado do festival há 10 anos atrás mostrando "Transeunte". E agora foi a primeira vez que assisti EDNA em tela grande em comunhão com o público. Por conta da pandemia não pude viajar nos festivais anteriores. E o filme ganha muito impacto e potência na tela grande na experiência coletiva/ emocional/ sensorial da sala de cinema. Houveram três sessões do filme com debates e sinto que o público ficou muito comovido com a história e vida de Edna. As pessoas também ficaram instigadas e puderam conectar Edna com o atual contexto político brasileiro", diz o diretor.

 

Com olhar sensorial, poesia e política se fundem a partir do caderno de memórias e traduções de sentimentos “Histórias da Minha Vida” de Edna, a protagonista, que dá nome ao filme, carrega consigo a trajetória de luta e resistência pela terra, existência e dignidade humana. À beira da rodovia Transbrasiliana, vive essa mulher-memória guerrilheira que enfrentou a grilagem e aqueles que mandam nela na Guerra dos Perdidos (1976), inspirada pela grandiosa e devastadora Guerra do Araguaia (1967-1974). É por meio de sua prosa,  que costura lembranças e dores dessa tragédia histórica no Brasil que perdura até hoje como ferida aberta e realidade diária de destruição, extinção e descaso político.

 

“Desde o início ficamos muito impressionados e cativados pela presença, pela voz e força do relato de Edna. Filmei esse primeiro encontro com a câmera acomodada nas pernas trêmulas. Ouvimos comovidos Edna dizer coisas tão fortes e com tanta doçura, e ao mesmo tempo com tanta dor e sofrimento. Essa conversa aconteceu em sua casa na beira da estrada na rodovia Transbrasiliana a poucos quilômetros do município de São Geraldo do Araguaia, fronteira entre Pará e Tocantins.”, conta o diretor Eryk Rocha, vencedor da Palma de Ouro de não-ficção em Cannes com o filme “Cinema Novo”. 

 

Com argumento de Gabriela Carneiro da Cunha, que se une ao diretor e Renato Vallone na construção do roteiro, Eryk ainda reflete sobre a personagem e sua história: “EDNA encarnava a terra, o corpo-terra, a luta pela terra. Imagem tão forte que permeia a história de sangue do Brasil. Ela trazia suas marcas, experiências que se entrelaçam com a tragédia histórica do Brasil que tão cruelmente tem a ver com o nosso presente. Presente de feridas abertas e questões cruciais que ainda não fomos capazes de resolver como povo. Nas palavras dela: “eu tenho medo, a guerra ainda não acabou”. Edna está certa, e o Brasil 2021 Bala-Boi-Bíblia é uma catástrofe.”

 

O filme é uma produção da Aruac Filmes com o apoio de Cinebrasil TV e Rumos Itaú Cultural.

 

Festivais que já aconteceram:

 

- Visions du Réel (Suíça) - Estreia Mundial em abril de 2021

- É Tudo Verdade - Estreia Brasileira

- Pesaro Film Festival 2021 (Itália) - Prêmio Menção Honrosa Especial 

- La Semana del Documental - Doc Montevideo (Uruguai)

- 10ª Mostra Ecofalante (Brasil) - Prêmio Menção Honrosa do Júri

- Telluride Film Festival (EUA)

- Festival Goiamum Audiovisual (Brasil)

- Festival Cine Sul da Cinemateca do MAM-RJ  (Brasil)

- XI Festival Pachamama - Cinema de Fronteira

- FICVIÑA - Festival Internacional de Cine de Viña del Mar (Chile) (6 y 15 de Septiembre) - Prêmio de Melhor Direção

- Festival Biarritz Amérique Latine (França)  (27 set - 3 outubro) - Prêmio de Melhor Longa Metragem Documentário pelo Júri Jovem
- DMZ International Documentary Film Festival of South Korea (Coreia do Sul) (9-16 setembro)

- FICG Festival Internacional de Cine en Guadalajara in México (1-9 outubro)

 

 

Futuros festivais que já anunciaram seleção:

 

- Ambulante Film Festival (México) (3 novembro - 5 dezembro)

- FICX Gijón (Espanha) (18-27 novembro)

 

Sobre o diretor

 

ERYK ROCHA cineasta nascido no Brasil em 1978, formou-se em 2002 na escola de cinema de Los Baños, Cuba, onde dirigiu seu primeiro longa: ROCHA QUE VOA. O filme foi selecionado em Veneza, Rotterdam e outros festivais, ganhando o prêmio de Melhor Filme no Brasil, Argentina e em Cuba. Os próximos trabalhos também coletaram presença prestigiosa em eventos nacionais e internacionais tais como Cannes, Sundance, Nova Iorque, Montevidéu, Guadalajara, Buenos Aires, Marseille e Amsterdam. CINEMA NOVO (2016), seu sétimo longa, recebeu o L?Oeil d?Or de Melhor Documentário no Festival de Cannes.

 

Em 2019, Eryk, a ficção BREVE MIRAGEM DE SOL, coprodução entre Brasil, França e Argentina, o filme estreou no BFI London e atualmente se encontra na plataforma de streaming Globoplay. O filme ganhou os prémios de Melhor Ator, Melhor Edição e Melhor Fotografia no Festival do Rio (2019) e o Prémio Silvestre para Melhor Longa Metragem no Festival Indie Lisboa (2020). Alguns de seus trabalhos foram adquiridos pelo MoMA e foram integrados à coleção permanente do museu.


 

EDNA

Documentário | 64? | BRASIL | 2021

Sinopse: Vivendo à beira da rodovia Transbrasiliana, na Amazônia brasileira, Edna é testemunha de uma terra em ruínas construída sobre massacres. Criada apenas pela mãe, ela vivencia em seu corpo e no de seus descendentes as marcas de uma guerra que, segundo ela, nunca acabou. Por meio de seus relatos e escritos, o filme constrói uma narrativa híbrida que se move entre a realidade e o imaginário. Tudo é tecido a partir da memória de Edna e seu diário intitulado "História da Minha Vida". Uma vida de guerrilhas, desaparecimentos e desmatamentos, mas também a força das mulheres, rios e matas que insistem em sobreviver. Uma poeta transformada em olhos que apesar de verem não podem falar. Ela sonha sair dali para um lugar que não sabe aonde.

 

 

Ficha Técnica:

Direção ERYK ROCHA

Argumento Original GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA

Produção ERYK ROCHA e GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA

Elenco EDNA RODRIGUES DE SOUZA e ANTONIO MARIA CABRAL (CARLOS)

Roteiro GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA, ERYK ROCHA e RENATO VALLONE

Pesquisa PAULO FONTELES FILHO, MARCELO ZELIC e GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA

Direção de Fotografia e Câmera ERYK ROCHA e JORGE CHECHILE

Montagem RENATO VALLONE

Assistente de direção GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA

Desenho de Som WALDIR XAVIER

Mixagem BERNARDO ADEODATO

Som Direto BRUNO CARNEIRO DA CUNHA

Cantos e Vozes GABRIELA CARNEIRO DA CUNHA

Trilha Sonora Original GUILHERME KASTRUP, MANOEL CORDEIRO e AVA ROCHA

Correção de cor e finalização de imagem ALICE ANDRADE DRUMMOND

Coordenação de pós-produção e masterização MATHEUS RUFINO

Produção Executiva ALVARINA SOUZA, YANA CHANG, JOELMA OLIVEIRA GONZAGA e LUCIANO SALIM

Produção de Set FERNANDA HAUCKE

Assistente de Produção e Motorista FRANCISCO ALMEIDA DE FARIAS

Coordenação de pós-produção MARGARIDA SERRANO

Cartaz JOÃO MARCOS DE ALMEIDA e MATHEUS ROCHA

Produção ARUAC FILMES

Produção Associada WALDIR XAVIER

Apoio ITAU CULTURAL e CINEBRASIL TV

 

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