Legado modernista é refletido por entrevistas realizadaspela Agenda Tarsila com familiares dos artistas
março 27, 2022
Muito mais do que obras de destaque internacional, modernistas deixaram ideais, difundidos por descendentes, que refletem a importância de exaltar a arte essencialmente brasileira
No espaço de 100 anos muita coisa acontece. E no quesito cultural brasileiro, inúmeras são as vertentes que surgiram ao longo de décadas. Mas uma, em especial, continua ecoando até hoje: o modernismo. Os protagonistas deste movimento deixaram grande legado, do ponto de vista artístico e social, e parte disso é difundido hoje por meio de seus descendentes. A Agenda Tarsila, plataforma que é um guia completo sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, entre as 57 entrevistas já publicadas, traz depoimentos emocionantes e inspiradores daqueles que têm a vertente modernista no sangue e assim como seus parentes, refletem a importância de exaltar a arte essencialmente brasileira. Confira quem são:
Tarsilinha, sobrinha-neta de Tarsila do Amaral
‘Quero levar a Tarsila para o mundo’, diz Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta e curadora da obra da pintora modernista
Carregar não só o mesmo sangue como também o nome de uma das maiores artistas brasileiras pode parecer uma herança pesada. Não para Tarsila do Amaral, a Tarsilinha, para os íntimos. Sobrinha-neta da pintora, a hoje curadora de sua obra diz se sentir grata por ter convivido, ainda que por oito anos, com a modernista, e de difundir sua história para as próximas gerações.
Tanto que está em seus planos levar o seu legado para fora das fronteiras brasileiras. Não que obras como Abaporu e A Cuca não tenham sido expostas em outros países – fizeram muito sucesso, inclusive nos Estados Unidos -, mas Tarsilinha quer mais. A ideia é fazer um filme internacional e conquistar, cada vez mais, fãs das cores e traços tarsilianos. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Elisabeth Di Cavalcanti, filha do pintor Di Cavalcanti
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi realizada em São Paulo, mas a ideia, como muitos defendem, veio de um jovem artista nascido no Rio de Janeiro: Emiliano Di Cavalcanti. Foi o exímio pintor, desenhista, ilustrador e escritor que, com seus contatos, reuniu uma turma de intelectuais e mecenas para promover aquele que seria o evento mais repercutido nos últimos cem anos, que teve como palco o Theatro Municipal de São Paulo.
O fato é que Di, como era chamado pelos íntimos, era um apaixonado pelo Brasil. Embora tenha vivido também bastante tempo na Europa, especificamente na França, por razões políticas ou outras, ele nunca deixou de se preocupar com o seu país. É o que revela em entrevista exclusiva a sua única filha, Elisabeth Di Cavalcanti Veiga, que lembra que o artista era uma pessoa muito intensa, em todos os sentidos. Em breve deve abrir um instituto para perpetuar a obra paterna, a qual ela tem muito apreço. “O Di Cavalcanti não vai morrer e eu fico até muito orgulhosa porque este meu trabalho não vai deixar ele morrer”. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
João Candido Portinari, filho de Candido Portinari
‘Mãe, por que o pai não trabalha?’. ‘Como assim, João?’ ‘Ele só vive pintando, o dia todo’. A inocência infantil permitiu este diálogo entre João Cândido Portinari e Maria Portinari, mas hoje, aos 82 anos, é ele quem mantém o Projeto Portinari – iniciado há 42 anos – e leva a obra e os ensinamentos de seu pai para onde é possível. Em breve, uma de suas maiores pinturas, Guerra e Paz, painéis que estão na sede da ONU (Organização das Nações Unidas), nos Estados Unidos, devem viajar para Roma, na Itália, onde ficarão em exposição. “E depois devem seguir para China e só de pensar fico arrepiado”, confessa João. Em fevereiro deste ano, o MIS Experience (Museu da Imagem e do Som) abriu a exposição imersiva Portinari para Todos, a maior já realizada no espaço até hoje, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna de 1922. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Marília de Andrade, filha de Oswald de Andrade
O seu nome é uma dedicatória de amor: Antonieta Marília de Oswald de Andrade. O escritor Oswald de Andrade descobriu, quando a mulher, a normalista Maria Antonieta d´Alckmin estava grávida de seu terceiro filho (a) – primeiro dela – que um amigo estava de posse de uma raridade: o original do livro Marília de Dirceu, do escritor Tomás António Gonzaga. Tentou comprar, sem sucesso. Conseguiu então o exemplar ‘emprestado’ e o deu como presente à amada: ‘Para Maria Antonieta d´Alckmin, minha Marília realizada. Oswald.” A filha nasceria um pouco depois e ganhou o Marília no nome, já que a mãe, à exemplo da personagem árcade, era a musa do Andrade. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Rudá de Andrade, neto de Oswald de Andrade
Oswald de Andrade não passou por esta vida despercebido. Dono de uma personalidade ímpar – hora bonachão, outra incendiário – o escritor modernista fez história na cultura brasileira. Mas um recorte especial de sua trajetória acaba de ser feito por seu neto, o historiador e escritor Rudá K. Andrade, escreveu o livro: A Arte de Devorar o Mundo: As Aventuras Gastronômicas de Oswald de Andrade. Nas pesquisas para compor a publicação, Rudá, que é filho de Rudá Andrade – fruto do romance de Oswald com Pagu -, descobriu de onde vieram os gostos peculiares da família como, por exemplo, o apreço por rã, e também elenca os pratos preferidos do avô: vatapá, feijoada, galinha ao molho pardo e quindim. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Lani Goeldi, sobrinha-neta de Oswaldo Goeldi
Amigo do desenhista, ilustrador e pintor Emiliano Di Cavalcanti, o ‘mestre da gravura’ Oswaldo Goeldi não podia ficar de fora do movimento modernista. Embora fosse avesso a convenções – nunca se casou ou teve filhos, ‘exigências da sociedade’ -, a exposições e coisas do tipo, o artista, nascido no Rio de Janeiro, mas que passou grande parte da vida na Suíça, encontrou no movimento a força para cortar as amarras. Seu negócio era ser livre e esboçar em sua arte a visão peculiar e sensível do que se passava ao seu redor. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Cleo Monteiro Lobato, bisneta de Monteiro Lobato
Uma situação sempre colocada em pauta quando se fala na Semana de Arte Moderna de 1922 é o papel que Monteiro Lobato teve como o ‘deflagrador’ da fúria modernista. Crítico no jornal O Estado de S.Paulo, ele fez um texto sobre a exposição de Anita Malfatti, em 1917, que não só a prejudicou com os quadros que já havia vendido – muitos foram devolvidos – como também criou certo desconforto por quem defendia a inovação nas artes brasileiras. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Carlos Augusto de Andrade Camargo, sobrinho de Mário de Andrade
Era no endereço na rua Lopes Chaves, na Barra Funda, onde hoje está o Museu Casa Mário de Andrade, que a família se reunia. Haviam dias bons, quando o escritor se arriscava a brincar com os sobrinhos e outros nem tanto, em que se trancava na sala do piano para ‘as crianças não perturbarem’. É de maneira carinhosa que o seu sobrinho, Carlos Augusto de Andrade Camargo – tem mais duas sobrinhas, Teresa Maria e Maria Luiza -, lembra do pouco contato com um dos patronos da Semana de Arte Moderna de 1922. Quando Mário morreu, em 1945, ele estava prestes a completar 6 anos. Confira a entrevista completa em Agenda Tarsila.
Sobre a Agenda Tarsila
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo lançou, em setembro do ano passado, a Agenda Tarsila, um braço fundamental do projeto “Modernismo Hoje”, concebido pela pasta para celebrar o legado da Semana de Arte Moderna de 1922. A iniciativa é um guia especial e único sobre a temática. Além de acompanhar a programação, o público poderá conferir a história do movimento modernista, curiosidades, galerias de fotos, entrevistas exclusivas com familiares, artistas contemporâneos e pesquisadores dos principais personagens que lançaram tendência no Movimento Modernista. O projeto também disponibiliza conteúdo nas redes sociais (Instagram, Twitter, Facebook, TikTok e Youtube) com diversas novidades envolvendo o centenário. Toda a gestão e produção da Agenda Tarsila é realizada pela Organização Social Amigos da Arte.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
0 comments
Deixe sua opinião sobre o post: Não esqueça de curtir e compartilhar