Cia. Elevador de Teatro Panorâmico faz temporada gratuita de Tebas na sede do grupo
junho 29, 2022
Com direção e idealização de Marcelo Lazzaratto, espetáculo comemora os 20 anos da companhia e reúne na mesma dramaturgia as três peças da Trilogia Tebana de Sófocles: Édipo Rei, Édipo em Colono e Antígona
Bastante conhecida por discutir questões do mundo contemporâneo a partir da encenação dos clássicos teatrais, a Cia. Elevador de Teatro Panorâmico comemorou suas duas décadas de existência com a estreia de Tebas, que estrou em maio no Sesc Bom Retiro.O espetáculo faz nova temporada na sede do grupo, entre 1º e 17 de julho (apresentação extra no dia 7, às 20h), com sessões gratuitas às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h.
Com direção e dramaturgia cênica de Marcelo Lazzaratto, o espetáculo reúne na mesma peça toda a Trilogia Tebana, de Sófocles, composta por “Édipo Rei”, “Édipo em Colono” e “Antígona”. Além do próprio diretor, o elenco conta com Carolina Fabri, Eduardo Okamoto, Marina Vieira, Pedro Haddad, Rita Gullo, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi.
“A dramaturgia entrelaça as três peças, mas mantém as palavras originais de Sófocles. O que eu fiz foi seguir o entrelaçamento dos três tempos num tempo só, por conta dessa percepção de que o mito é sempre presente, é sempre estável. Embora haja essa cronologia entre as peças, pensando miticamente tudo coexiste. Mas não se trata de um tempo cronológico, e sim eterno, constante, inexorável”, explica o encenador.
Para isso, tudo gira em torno da figura de Édipo. Já envelhecido e cego em Colono, o subúrbio de Atenas, ele “vê” seu passado quando ainda era Édipo Rei e “enxerga” o futuro da sua família através dos acontecimentos que envolvem sua filha Antígona.
Assim, os três tempos vão se justapondo, sem uma relação necessária de causa e efeito. E o Coro, interpretado por um único ator, perpassa os tempos assim como Édipo, pois sabemos que ao fim e ao cabo somos todos nós, cidadãos comuns, que atravessamos as épocas e seus imaginários, geração seguida de geração, sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo.
Em “Édipo Rei”, Sófocles narra o destino trágico do protagonista, que assassina sem querer o próprio pai, Laio, e se casa com a mãe, Jocasta. Sentindo-se culpada pelo incesto, a rainha comete o suicídio, Édipo fura os próprios olhos e decide abandonar Tebas.
A exaustiva perambulação do antigo rei depois do exílio de Tebas é narrada em “Édipo em Colono”. Como punição por seus atos, Édipo se torna um refugiado em terra estranha e caminha sem destino, conduzido por sua filha Antígona. Ele clama aos deuses pelo perdão e para encontrar um lugar para repousar.
Enquanto isso, Polinices e Etéocles, os filhos de Édipo, que não ligam para o destino do pai, estão em disputa por terra e poder, o que leva ambos à morte. Sem ter quem assuma o trono, Creonte, o tio deles, torna-se rei. Então, ele manda enterrarem Etéocles com todas as honrarias e proíbe que enterrem Polinices, deixando-o exposto à putrefação. A peça “Antígona” narra a luta da filha de Édipo para conquistar o direito de sepultar o corpo do irmão de acordo com os ritos funerários apropriados.
Ainda de acordo com Lazzaratto, a Trilogia Tebana discute temas atemporais e extremamente relevantes para a vida contemporânea, como patriarcado; tirania e democracia; território e exílio; masculino e feminino; guerra e paz; lei divina e lei humana; destino e livre arbítrio.
“Essas dualidades tão controversas são fundamentais. Parece-me que o tempo contemporâneo necessita que entremos em contato com esses grandes valores para que possamos nos entender como sociedade, contestar preceitos e nos reorganizarmos. O mito é estável, a sociedade é que muda. E, na minha opinião, no mundo tão fragmentado, caótico e desequilibrado em que vivemos hoje, ainda mais no Brasil, estabelecer diálogos com a estabilidade do mito pode favorecer um tipo específico de ação e de pensamento”, comenta.
Há quase 30 anos o encenador desenvolve o sistema de atuação improvisacional chamado Campo de Visão, que dialoga muito bem com o clássico. “Somos um grupo de linguagem cênica e temos esse sistema de trabalho que se tornou nossa personalidade artística. Ele serve para qualquer formato e a gente sempre volta a estabelecer o diálogo entre Campo de Visão e os clássicos, porque uma coisa renova, recicla, reconsidera e reavalia a outra”, reflete Lazzaratto sobre sua metodologia também presente em Tebas.
Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
A Cia. Elevador de Teatro Panorâmico é um núcleo permanente de investigação em linguagem teatral fundado em 2000, na cidade de São Paulo. Apropriando-se dos mais diversos temas, dialoga diretamente com o homem contemporâneo, estabelecendo um trabalho de pesquisa e criação, propondo a junção da verticalidade dessa pesquisa com a horizontalidade de sua abrangência ao público.
Ao longo de 22 anos de trajetória, a Cia. desenvolveu um repertório de 18 espetáculos – que cumpriram temporada e se apresentaram em diversas cidades brasileiras e participaram de inúmeros festivais -, além de organizar oficinas, cursos, encontros, seminários, workshops e mostras. Desde 2006 mantém uma sede, o Espaço Elevador, teatro que se propõe como centro gerador e propagador de cultura, ampliando o diálogo entre artistas da cena e nossa cidade. Hoje a Cia. – por onde já passaram mais de 50 artistas -, é constituída pelo diretor artístico, Marcelo Lazzaratto e por Carolina Fabri, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thais Rossi.
Sinopse
Em Tebas, a Cia. Elevador cria um entrelaçamento das três peças que compõem a Trilogia Tebana: Édipo Rei, Antígona e Édipo em Colono, que discutem alicerces fundamentais de nossa sociedade: tirania e democracia; patriarcado, território e exílio; destino e livre arbítrio.
Nessa nova dramaturgia, Édipo está nos três tempos vivenciando os dilemas, os mistérios, as dores, as perdas, as guerras, as angústias que atormentam Tebas e seus habitantes, uma figura humana que vê e revê incessantemente as causas e consequências de suas escolhas, e o Coro, interpretado por um único ator, assim como Édipo, perpassa os tempos, pois sabemos que ao fim e ao cabo somos todos nós, cidadãos comuns, que atravessamos as épocas e seus imaginários geração seguida de geração sempre sujeitos aos governantes e aos seus sistemas de governo.
Ficha Técnica:
Dramaturgia Cênica e Direção: Marcelo Lazzaratto
Assistência de Direção e Preparação Corporal: Dirceu de Carvalho
Atores da Cia.: Carolina Fabri, Marcelo Lazzaratto, Pedro Haddad, Rodrigo Spina, Tathiana Botth e Thaís Rossi
Atores convidados: Eduardo Okamoto, Marina Vieira e Rita Gullo
Iluminação: Marcelo Lazzaratto
Cenário: Julio Dojcsar
Figurino: Silvana Marcondes
Música original: Dan Maia
Técnicos de Som: Anderson Moura e Gabriel Bessa
Técnico de Luz: Lui Seixas
Costureira: Atelier Judite de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos (Zito)
Adereços: Marina Vieira
Maquiagem: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Fotografia: João Caldas
Projeto Gráfico: Alexandre Caetano / Oré Design Studio
Produção executiva: Marcelo Leão
Produção: Anayan Moretto
Realização: Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
Serviço:
Tebas, da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico
Temporada: de 1º a 17 de julho, às sextas e aos sábados, às 20h, e aos domingos, às 19h (sessão extra no dia 7/7, às 20h)
Espaço Elevador - Rua Treze de Maio, 222, Bela Vista
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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