Influenciadora trabalha para que o nanismo seja apenas um detalhe
outubro 21, 2022
Rebeca Costa traz sua visão sobre preconceitos quais a sociedade possuem a respeito de pessoas com deficiência
25 de outubro é o Dia Internacional de Combate ao Preconceito Contra as Pessoas com Nanismo. De acordo com dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), o nanismo refere-se à condição de ter baixa estatura em relação à média de idade e sexo da população. É uma disfunção na qual uma pessoa não se desenvolve fisicamente, e podemos observar tal condição em uma criança que não cresce até a altura esperada.
Rebeca Costa, que convive com o nanismo há 29 anos e é influenciadora, modelo, palestrante e advogada, mostra que esta deficiência não limita ou incapacita as pessoas que portam esse transtorno.
Trabalhando na área em qual se formou, em uma empresa do setor elétrico, Rebeca criou um perfil no Instagram, o Looklitlle, que em prol da diversidade, ela realiza palestras, realiza consultoria de família, legislação, empoderamento e acessibilidade com parcerias profissionais. Também, em 2019, Rebeca desfilou na São Paulo Fashion Week, pela Free Free.
A superação de um preconceito
Apesar de todas as suas conquistas, Rebeca passou por um longo processo de reconhecimento. Possuindo dificuldades em se aceitar desde que teve consciência de sua condição, ela passou por inúmeros obstáculos na adolescência e na vida adulta, pois as pessoas que a rodeavam sempre a julgaram como incapaz.
Com o decorrer do tempo, a visão da influenciadora mudou, notando que o nanismo é apenas um detalhe que não interferiria em nada. Ela carregava grandes sonhos e objetivos, e isso foi o suficiente para que ela seguisse em frente, mostrando para o mundo e para si mesma que seu tamanho não afetaria em nada em seu futuro.
Para Rebeca, a sociedade prega e fala sobre a obrigatoriedade de aceitação, quando na verdade é sobre reconhecimento. “Eu me reconheci! Ou melhor, me reconheço diariamente. A minha auto estima não depende de padrão de revista, muito menos do que acham de mim, pois ela é minha, então, eu sou a responsável por ela!”, diz.
A influenciadora diz que, em muitos lugares, taxam pessoas com deficiência como incapazes e frágeis, mas com a sua história e de diversas outras pessoas que também possui nanismo, ela demonstra que não há nada de errado em ser diferente, que essa característica não afeta seu estilo de vida e nem deveria afetar os de outros.
No dia 25 de outubro será o dia internacional no combate ao preconceito contra pessoas com nanismo. A modelo afirma que, apesar de estarmos evoluindo em questões tecnológicas, ainda resta evoluirmos como sociedade, pois ainda se utilizam de termos pejorativos para se referirem a pessoas com essa deficiência. “O termo ‘anão’ surgiu lá na idade antiga para desumanizar pessoas com nanismo, através de um sistema estrutural que nos ensinou a gozar, excluir, e ferir mesmo que de forma inconsciente, pessoas com nanismo”, explica.
Rebeca lembra que a data é uma homenagem para Billy Barty, um grande ativista da causa, sendo ele o primeiro a lutar pelos direitos das pessoas com nanismo.
A inclusão de pessoas com nanismo
Rebeca acredita que, com a vinda da era digital, pessoas com deficiência passaram a possuir mais voz e com isso, alguns cidadãos passaram a olhar com mais empatia para a causa. “Não é sobre inclusão, é sobre reconhecimento dessas pessoas, pois são pessoas como qualquer outras, cidadãs, pagando impostos e vivendo”, argumenta.
Com a visão pouco otimista, a influenciadora diz que pessoas com nanismo estão ganhando um pouco mais de notoriedade, porém é uma progressão extremamente lenta, pois ainda há muitos paradigmas e preconceitos a serem quebrados. “As lojas de roupas, por exemplo. É comum vermos propagandas de lojas anunciando roupas para diversos tipos de corpos, mas dificilmente vemos roupas para pessoas como eu. É preciso estudo para ampliar para os tipos de nanismo especificamente e para isso é necessário empatia e coragem”, explica.
No mundo da moda, Rebeca pensa que existe uma exclusividade maquiada da descrição inclusiva, uma vez que não abraça todos os corpos até dentro das pessoas com deficiência, explicitando sempre um modelo padrão dentro da própria condição.
O preconceito por trás das piadas
Apesar do acesso às informações nos dias de hoje, é como ver pessoas fazendo piadas capacitistas, mesmo sabendo que isso ofende as pessoas com algum tipo de deficiência. Para a modelo, o capacitismo refere-se ao preconceito baseado nas habilidades dos outros, principalmente quando se trata de segmentos da população com algum tipo de deficiência.
Rebeca afirma que uma das maneiras de combater tais piadas, é o compartilhamento de informações que auxiliam a desmistificar os preconceitos que envolvem o nanismo como algo negativo. “Falar sobre capacitismo e expor as atitudes preconceituosas que o termo engloba é extremamente necessário. Não basta não ser capacitista. Tem que ser anticapacitista”, afirma.
A influenciadora diz que piadas capacitistas machucam, e que não passa de uma maneira de ganhar fama em cima da dor de alguém. Por isso, sempre tenta trazer à tona que o nanismo é apenas um detalhe e não um problema.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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