Grupo XIX de Teatro abre inscrições para os Núcleos de Pesquisa e criação de 5 novos espetáculos
março 21, 2023
Com 100 vagas gratuitas, os núcleos de pesquisa são conduzidos pelos integrantes do grupo. Ao final do processo serão criadas 5 peças inéditas. Os trabalhos são divididos em 2 módulos, com duração total de 8 meses. Os participantes selecionados para o processo de criação dos espetáculos serão remunerados na etapa final e durante a mostra de apresentação. O projeto também contempla apresentação de peças do repertório XIX e lançamento do livro dos 19 anos de trajetória
O Núcleo de Pesquisa do Grupo XIX de Teatro está de volta com novas turmas para a criação de espetáculos que serão conduzidos e orientados pelos integrantes do grupo Janaina Leite, Juliana Sanches, Luiz Fernando Marques, Rodolfo Amorim e Ronaldo Serruya. As inscrições estão abertas até o começo de abril pelo https://linktr.ee/grupoxixdeteatro
A iniciativa integra o projeto 5X XIX, que visa a manutenção e a continuidade dos 18 anos de residência artística do Grupo XIX na Vila Maria Zélia. O projeto prevê até o final do ano a apresentação de peças Hygiene e Hysteria(do repertório do grupo); o lançamento do livro 19 Anos do Grupo XIX de Teatro; o início de um novo processo criativo inspirado na obra O Atlas do Corpo e da Imaginação, do escritor português Gonçalo M. Tavares; e a circulação do espetáculo infantil Hoje o Escuro Vai Atrasar Para Que Possamos Conversar.
O grupo desenvolve esse projeto de oficinas teatrais gratuitas de longa duração desde 2005. Este ano está com uma oferta ampliada em 100 vagas gratuitas, que serão desenvolvidos em duas etapas e culminarão na criação de cinco peças, que juntas cumprirão uma temporada de 40 apresentações. A primeira fase, com 20 vagas para cada núcleo, será de encontros, estudos e trocas de saberes e terá a duração de 3 meses. A outra fase (segundo semestre) consiste em um processo seletivo para a criação artística do espetáculo de cada núcleo, culminando em 5 peças, onde cada artista do grupo assina a direção.
Os núcleos são divididos em 2 módulos, com duração total 8 meses. A etapa final do projeto pressupõe a criação de um trabalho inédito em que os participantes receberão uma ajuda de custo e compreende uma curta temporada de 8 apresentações. Este projeto foi contemplado pela 40ª Edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo — Secretaria Municipal de Cultura.
Sobre as oficinas:
Fundo com orientação de Janaina Leite
Colaboração: Ultra Martini
Duração: de 03/04 a 26/06, segundas-feiras, das 14h às 17h (online pela plataforma zoom)
Público-alvo: nerds, hackers, stalkers, exibicionistas, tarados, melancólicos, artistas (ou não) interessados nos (sub)mundos virtuais e digitais, em inteligência artificial, VAR, realidade expandida.
Fundo é uma referência indireta a deep web e ao amplo domínio que se estende legal e ilegalmente nessa grande rede virtual que hoje é considerado um território de disputa. O mundo virtual não é apenas uma extensão da vida "real", mas uma realidade própria que a cada dia monopoliza mais relações afetivas, sexuais, profissionais de forma que é possível ter uma existência quase que completamente virtual ou reservar a esta camadas significativas e complexas do modo de existir. A pesquisa propõe pensar questões como expansão de fronteiras, formas de vínculo, anonimato, criação de avatares ou personas virtuais, limites entre público e privado, novas formas de agrupamento, a linha tênue entre legalidade e ilegalidade e as diversas formas de interação e produção feitas a partir de inteligência artificial.
O núcleo vai tomar como dispositivo de criação, a "lenda urbana" de misteriosas caixas que são encomendadas na deep web por valores variáveis que chegam a 5 mil dólares, cujo conteúdo é desconhecido. São verdadeiras caixas surpresas que podem conter objetos, cartas, fotografias, pendrives, e até partes humanas ou de animais. Através dos elementos presentes é possível intuir histórias, tramas, reais ou fictícias, que podem se transformar em verdadeiros jogos interativos. Interessa, principalmente, os dispositivos narrativos que emergem das caixas a partir do fragmentário, do aleatório, do inconclusivo, do uso de múltiplas linguagens, principalmente a escrita e a audiovisual.
Janaina Leite é atriz, diretora, dramaturga e pós-doutoranda pela Escola de Comunicação e Artes da USP. Pesquisa os chamados "teatros do real" com trabalhos premiados como Stabat Mater (prêmio Shell de dramaturgia em 2020) e o projetoEnsaios escopofílicos pesquisando a relação entre teatro e pornografia em trabalhos como Camming 101 noites e História do Olho - um conto de fadas porno noir. Linguagens híbridas, a perspectiva ob-cena que aproxima teatro e performance, arte e vida, fronteiras difusas entre práticas artísticas e práticas socio-culturais, interessam a sua pesquisa.
O Cinema como Presença com orientação de Luiz Fernando Marques
Duração: de 10/04 a 30/06, sextas-feiras, das 14h às 17h.
Local: Armazém 19 - Vila Maria Zélia – Rua Mario Costa, 13 – São Paulo.
Público-alvo: artistas e criadores da cena teatral, do audiovisual e da performance. Da área da atuação, da dramaturgia, da montagem e da direção.
Este núcleo pretende fazer um estudo cênico/digital a partir da cena de um filme. A ideia é um estudo teórico prático que busque tencionar os limites entre a cena teatro e cena cinema levando em conta as teorias do cinema como presença, do cinema como fantasmagoria e outras técnicas do chamado pós-cinema. Explorando o corpo e voz na tela, gerando impacto a partir de estratégias que também levem em consideração o estímulo a sensorialidade do espectador no processo de recepção.
Luiz Fernando Marques, o Lubi integra o Grupo XIX desde 2001 sendo diretor e co-criador dos espetáculos. Para o núcleo de pesquisa serão usados como base outros trabalhos que dirigiu antes e durante a pandemia. Entre eles, Cinema Falado, com Leticia Sabatella e Paulo Celestino encenando falas do roteiro de Marguerite Duras para o filme Hiroshima, meu amor ao mesmo tempo em que cenas do filme, dirigido pelo diretor francês Alain Resnais eram projetadas, propondo um jogo de real, projeção e sincronia; Poema em QUEDA-LIVE, em parceira com Cia Mungunzá e Flávio Barollo, sete Atores, em sete casas borrando os limites da transmissão ao vivo e do pré-gravado numa transmissão que flerta com o teatro, o cinema e a vídeo arte; Maria d’Apparecida Movimento no.1, com Dione Carlos, Rodrigo Mercadante e a cantora lírica Marly Montoni, evento que trazia para o palco do Theatro Municipal de São Paulo um encontro entre poesia, canto lírico, dramaturgia e as cenas do Filme Luz Negra; entre outros.
Corpo Urgente com orientação de Juliana Sanches
Duração: de 12/04 a 28/06, quartas-feiras, das 14h às 17h.
Local: Armazém 19 - Vila Maria Zélia – Rua Mario Costa, 13 – São Paulo.
Público-alvo: Artistas Mulheres (cis e trans) e não bináries.
A pesquisa pretende partir do corpo como expressão. Na primeira fase, o foco é explorar as possibilidades de expressão e improviso do corpo feminino, assim como a criação de partituras flexíveis a partir dos corpos das artistas criadoras. A poesia, o grito, a revolta que o corpo expressa.
Após dois anos de pandemia com os corpos trancados em casa, o que o confinamento real revelou que estava confinado há tempos pela sociedade patriarcal? Que corpo é esse após esse trauma? O que ele pode dizer, como ele acolheu os medos, os traumas, as dores e alguma ou outra alegria durante todo esse tempo?
Todo o processo será alimentado por obras de mulheres, sejam elas artistas plásticas, escritoras, poetisas, dançarinas, enfim, mulheres que alimentam e inspiram o trabalho de criação de Juliana Sanches, que dirigiu espetáculos como Legítima Defesa (com 16 atrizes); InCômodos (com 24 atrizes); A Corda, Alice (com 23 atrizes); O Tempo me Atravessando Dentro de Casa (com 21 atrizes com idades que variam de 20 a 50 anos), entre outros.
Bixas Cadelas, Políticas Cínicas: uma convocaçãoaos mal nascidos com orientação de Ronaldo Serruya
Duração: de 17/04 a 03/07, segundas-feiras, das 19h às 22h.
Local: Armazém 19 - Vila Maria Zélia – Rua Mario Costa, 13 – São Paulo.
Público-alvo: artistas e criadores LGBTQIA+, corpos e corpas negras, gordas, pcd, não conformadas e “mal nascidas”.
A pesquisaperformativa é livremente inspirada no livro Ética bixa de Paco Vidarte, e se apoia em outros dois textos: Devir cachorra de Itziar Ziga e Fome de Roxane Guy. Durante o processo de pesquisa serão feitas proposições cênicas a partir das reflexões e conceitos discutidos na obra, tais como “a bixa como sujeito político”, “política cadela”, “os frangos sem cabeça” e “a solidariedade LGBTQIA+”.
A criação da peça será inspirada na técnica dos assemblages, que se caracterizam como colagens feitas com objetos e materiais tridimensionais que criam uma obra a partir da fricção dos diversos elementos. A ideia é construir a assemblages cênicos, dramaturgia e cena, ambas constituídas de biografias, notícias, relatos, retratos, memórias, casos, reminiscências, enfim tudo que em fricção consiga criar um ‘corpus’, um “status de ser”, “uma tessitura de existência”.
O núcleo com orientação de Rodolfo Amorim será divulgado em breve.
Sobre os Núcleos de Pesquisa do Grupo XIX
Os núcleos são coletivos formados a partir de seleções que ao longo do ano e sob a orientação dos artistas do Grupo XIX de Teatro, desenvolvem pesquisas nas áreas de atuação, direção, dramaturgia, corpo e direção de arte. A relação não se fundamenta a partir de uma hierarquia professor-aluno, ao contrário, são artistas - em formação ou profissionais - que estejam dispostos a engajar num processo investigativo, criativo, onde todos constroem juntos tanto o processo, quanto o resultado.
Em 8 edições dos Núcleos de Pesquisa os números são reveladores: no ano de 2017 foram mais de 700 inscritos em um processo de seleção para 120 vagas. Em 2020, a edição online contou com quase 500 inscritos, contemplando pessoas do Brasil e do mundo. Ao longo dessas edições, mais de 1.000 artistas já passaram pelos núcleos, vários resultados dos núcleos viraram peças que cumpriram temporadas e rodaram festivais, outros núcleos se transformaram em novos coletivos e alguns artistas realizam uma “segunda formação” ao transitarem por diferentes núcleos. As mostras dos núcleos de pesquisa contam com apresentações lotadas pelo público de São Paulo ávidos por um espaço de pesquisa e discussão de temas contundentes da atualidade.
Sobre o Grupo XIX de Teatro
O Grupo XIX de Teatro tem um trabalho contínuo de 20 anos, com uma pesquisa temática e dramaturgia própria, uma pesquisa estética de exploração de prédios históricos como espaços cênicos e uma investigação sobre a participação ativa do público. Desde 2004 o Grupo XIX de Teatro realiza sua residência artística na Vila Maria Zélia na Zona Leste de São Paulo. A “Vila” é hoje um espaço de pesquisa, difusão e formação que abriga projetos como os Núcleos de Pesquisa que acolhem anualmente cerca de cem artistas, além de diversos espetáculos e oficinas.
Ao longo de sua trajetória acumula entre prêmios e indicações mais de 15 menções nos principais prêmios do país: Shell, APCA, Cooperativa Paulista de Teatro, Bravo!, Qualidade Brasil entre outros. Em 2017, ganhou o Prêmio Shell na categoria Inovação pela intervenção artística na Vila Maria Zélia.
O grupo já percorreu no exterior 21 cidades em 5 países (Europa: Portugal, Inglaterra, Itália e França; África: Cabo Verde). Hysteria fez turnê por 8 cidades francesas por ocasião do L’année du Brésil en France. Em junho de 2008 a peça cumpriu temporada no renomado Barbican Center de Londres na Inglaterra e, em 2009 o grupo foi convidado pelo Contact de Manchester para dirigir o espetáculo de formatura da instituição. Em 2012, o XIX participou da mostra São Palco, idealizada pelo O Teatrão, em Coimbra, Portugal e do Festival La scenna dell’incontro, em Bologna, Itália em parceria com o ITC e o Teatro dell’Arginne. Em 2013 o grupo participou do Ano do Brasil em Portugal por 5 cidades.
O grupo mantém em repertório suas nove peças: Hysteria (2001), Hygiene (2005), Arrufos (2008), Marcha para Zenturo (2010), Nada aconteceu Tudo acontece Tudo está acontecendo (2013), Estrada do Sul (2013), Teorema 21 (2016), Intervenção Dalloway: Rio dos Malefícios do Diabo (2017) e o espetáculo infantil Hoje o Escuro Vai Atrasar Para que Possamos Conversar (2018). Em 2021, durante a pandemia, estreou de forma online o espetáculo Infâmia, inspirado em um texto de teatro da década de 1930, de Lilian Hellman, que ganhou as telas do cinema em 1961, com Audrey Hepburn e Shirley MacLaine no elenco.
Escritora, autora da duologia "A Princesa e o Viking" disponível na Amazon. Advogada e designer de moda. Desde 2008 é blogueira. A longa trajetória já teve diversas fases, iniciando como Fritando Ovo e desde 2018 rebatizado como Leoa Ruiva, agora o blog atinge maturidade profissional, com conteúdo inovador e diferenciado. Bem vindos!
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