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Ato neste sábado (2) pede mudança de nome da estação do metrô e preservação das memórias do Quilombo Saracura, no Bixiga

junho 30, 2022

Marcado para 2/7 às 10h na praça 14 Bis, ato reunirá moradores, entidades, baluartes do samba, lideranças religiosas, blocos e ativistas em prol das memórias negras do bairro.


Ocorre neste sábado (2), a partir das 10h, o Ato pela Preservação do sítio arqueológico Saracura no Bixiga, em São Paulo. A ação é organizada pelo Mobiliza Saracura Vai-Vai, movimento em defesa do legado negro do bairro a partir da salvaguarda dos achados embaixo da histórica quadra da escola de samba Vai-Vai, onde está sendo construída estação da Linha 6 do metrô. 


O ato terá a presença de moradores do bairro, baluartes do samba, lideranças religiosas, entidades, blocos, ativistas, políticos e pesquisadores que vêm participando do movimento e/ou apoiando o manifesto lançado há uma semana. O documento já conta com a assinatura de mais de cem instituições de relevância na militância negra e na comunidade acadêmica de todo o Brasil, tais como MNU, Uneafro, Casa Sueli Carneiro, Marcha das Mulheres Negras de São Paulo, MSTC, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Centro de Estudos Periféricos da Unifesp, LabCidade FAU-USP, entre outras. 


A concentração será às 10h em frente à praça 14 Bis, entre as ruas Manoel Dutra e Lourenço Granato. O ato iniciará com a benção de ialorixás, seguida da leitura do manifesto por representantes mais velho/as do movimento. Intervenções artísticas e de lideranças religiosas farão parte do trajeto, que terá acompanhamento de ritmistas e seguirá pelas ruas Manoel Dutra, Santo Antônio, Almirante Marques de Leão, Una e Rocha.


Além do manifesto, o movimento lançou uma petição pública pela mudança do nome da Estação 14 Bis para Saracura/Vai-Vaihttps://chng.it/dv9B7NJ2qk 


Quilombo Saracura


Em 9 de outubro de 1907, uma crônica do jornal Correio Paulistano descrevia assim a região do vale do rio Saracura, no Bixiga: "É um pedaço da África. As relíquias da pobre raça, impellida (sic) pela civilização cosmopolita que invadiu a cidade depois de 88, foi dar alli naquelas furnas. Uma linha de casebres borda as margens do riacho".


Passados 115 anos, a escavação para a construção da linha 6-Laranja do metrô encontrou um sítio arqueológico classificado como de alta relevância pela equipe técnica do Iphan em seu registro. "Trata-se de uma pequena área com vestígios arqueológicos, de transição do século XIX para o XX e primeira metade do XX, localizada às margens do córrego Saracura", informa o cadastro de abril de 2022 (página 43 do projeto). 


A área em que os vestígios foram encontrados é apontada há décadas como o Quilombo Saracura, comunidade do século XIX que deu origem ao bairro do Bixiga. Nesta região nasceu, em 1930, o Cordão Vae-Vae, continuidade dessa resistência negra. Em 2021, a quadra da escola foi deslocada para novo endereço no bairro em virtude das obras do metrô.


Da compreensão do valor desses achados para o direito à memória, à terra e à presença da população negra no bairro e na cidade, o Mobiliza Saracura Vai-Vai se formou.


Composto por moradores, sambistas, pesquisadores, militantes negros, o movimento atua pela paralisação da obra até que seja definido um projeto de preservação; por um projeto de educação patrimonial e um memorial no local; pela mudança do nome da estação do metrô de 14 Bis para Saracura/Vai-Vai; e pela permanência da população negra na região, de forma que a chegada do transporte não seja agente de gentrificação. O movimento deseja o metrô no bairro, mas quer que o território seja respeitado.




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